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Mostrando postagens de julho 14, 2025

Poema- O mar de correntes

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Todos admiram o preto no palco, mas poucos suportam ver a pele preta na rua. Apreciam a força, o ritmo, o talento, mas rejeitam a verdade que a pele carrega. Colocaram correntes em quem já tinha asas. Roubaram nomes, apagaram línguas, silenciaram os deuses. E ainda disseram que estavam “civilizando”. Não eram escravos. Eram reis, rainhas. Guardiões do saber antes que o mapa tivesse contornos. Hoje dizem Foi no passado. Mas o passado nunca partiu. Apenas aprendeu a se disfarçar. Veste farda, veste terno e veste silêncio. O chicote virou estatística. A senzala virou periferia. O navio negreiro virou sistema. E a escravidão, oportunidade negada. O corpo negro é confundido com perigo. A palavra negra ainda vale menos. O sangue preto seca antes de escorrer nas manchetes. A história negra foi editada com tesoura branca. A mulher negra? Foi usada. Depois esquecida. Mas carrega nos ombros os filhos do mundo e ainda sorri com dignidade que o mundo não reconhece. Quem defende meritocracia nunca ...

Poema- ela é o segredo.

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Quando Deus quis mostrar o que é amor, Ele não escreveu um livro, não pintou um céu, nem acendeu uma estrela. Ele pegou uma lágrima e uma centelha da própria alma... e moldou a mulher. Ela não veio do pó da estrada. Veio do lado — da costela. Porque Deus não queria que ela fosse menor, nem maior, mas feita para andar com o homem, lado a lado, na vida, na dor, na aquarela. O homem foi feito para o campo, para a lida, para a força. Mas a mulher... ah, a mulher foi feita para o céu. Para gerar esperança, curar feridas, multiplicar o que é bom e calar o que é cruel. Ela escuta com o coração. Chora com os olhos da alma. Ela sangra em silêncio, mas ainda assim canta. Ainda assim ora. Ainda assim acalma. Ela tem o dom que só Deus tinha: criar vidas dentro de si. E enquanto o mundo gira sem rumo, ela planta o futuro — mesmo quando está por um fio. Ela é a que educa, sustenta e resiste. É a mãe sozinha na periferia, a mulher do campo com mãos calejadas, a preta guerreira ignorada, a menina que ...