Poema- Neblina.

Quando a luz apagava no quarto e o vento fazia barulho na janela a gente jurava que tinha um monstro no canto, até ouvir a voz da mãe Tá tudo bem, eu tô aqui. Ela sentava na beira da cama fazia carinho no cabelo e de repente o medo virava sono e o sono virava sonho de um lugar onde tudo era seguro. Teve aquele dia lembra? O pai levou a gente pra ver o mar ou uma cachoeira ou só uma praça cheia de pombos. E a gente pensou Como pode o mundo ser tão bonito assim? Teve o primeiro tombo de bicicleta o joelho ralado e o mundo desabando mas depois veio o sorvete e aquele abraço que curava tudo. Teve a primeira professora com cheiro de giz e perfume doce que ensinava a escrever o nome como se estivesse nos dando o mapa da nossa própria existência. Teve o primeiro beijo meio torto, meio tímido coração acelerado como se o universo inteiro tivesse parado pra assistir. E teve gente que se foi. A vó que fazia café com cheiro de lar o tio engraçado que sumiu da mesa o amigo de infância que viro...