Poema- O manifesto autista.
No mundo que vê só o que quer enxergar,
rótulos espalhados, fáceis de colar.
Todo menino é autista, só quer chamar atenção”
Mas cala o grito preso no peito, a angústia da solidão.
Na sala, cadeiras vazias, olhares que não entendem
Palavras cortam feito lâmina, onde só o silêncio responde.
Pais que choram escondidos, lutando sem pausa
Famílias em guerra, no mar da falsa causa.
Autismo não é modinha, nem culpa, nem escolha,
É tempestade no cérebro, é mente que se recolha.
Mas o mundo finge, ignora, quer só lucrar,
Com diagnósticos baratos, com esperança a falhar.
Clínicas vendem sonhos, promessas de normalidade,
Mas no fundo é exploração, dilacerando a verdade.
E o autista que sofre, com medo, se esconde,
Na máscara do sorriso, a dor que responde.
O professor sem rumo, perdido na missão,
Sem preparo, sem apoio, só sobra a solidão.
E o sistema burocrático, cego, insensível,
Trava portas, fecha janelas, torna tudo impossível.
Mas há uma voz que insiste, que não se cala,
É a voz do autista, que em silêncio fala.
Quer respeito, quer espaço, quer ser ouvido,
Não só rótulo, nem vítima, mas ser reconhecido.
Pais, eu vejo vocês, feridos e cansados,
Heróis invisíveis, por amor dedicados.
E aos que lutam por dentro, na sombra da dor,
Esse poema é um grito, é um farol, é amor.
Que se abra o coração, que se quebre o silêncio,
Que a verdade liberte, que cure o sofrimento.
Não há cura para o ser, há acolhida e ação,
No respeito ao diferente, nasce a revolução.
E se alguém ousar criticar, que escute e reflita,
Aqui está a verdade, nua e bendita.
Porque o autismo é vida, é luta e é canto,
E neste verso eterno, ecoa o seu pranto.
Comentários